A sabedoria do livro de Provérbios ressoa através dos tempos, oferecendo uma compreensão necessária sobre a conduta das sociedades: "Pela bênção que os justos promovem, a cidade prospera, mas pelas palavras dos ímpios é destruída" (Prov. 11:11). Essa máxima revela a conexão fundamental entre a conduta individual e o bem-estar coletivo, enfatizando o impacto inegável que cada pessoa exerce no contexto social. Longe de sermos seres isolados, nossas vidas se entrelaçam em redes complexas de dependência mútua, onde falas e ações se propagam, modelando o ambiente ao nosso redor de formas frequentemente sutis, porém sempre significativas.
Em cada área da vida – seja no âmbito profissional, onde a colaboração e a ética estabelecem a confiança; no ambiente familiar, onde o afeto e o respeito constroem vínculos duradouros; na coletividade religiosa, onde a fé e a solidariedade fortalecem os espíritos; ou nas relações sociais diárias, onde a empatia e a gentileza fomentam a harmonia – somos agentes de influência. Nossas escolhas, conscientes ou não, geram efeitos que atingem aqueles que nos cercam. Ignorar essa realidade é desprezar a força motriz que impulsiona ou enfraquece a sociedade. As consequências de nossos atos, sejam eles inspirados pela integridade ou pela maldade, são inevitáveis e definem o legado que deixamos em nosso meio.
Um exemplo marcante da capacidade transformadora da influência positiva surgiu em 2004, quando o pequeno principado de Palau enfrentou a crueldade do assassinato de uma família de missionários brasileiros. A prisão do autor do terrível crime lançou uma sombra de vergonha sobre a nação, expondo o lado sombrio que pode emergir no seio de qualquer coletividade.
Entretanto, a história tomou um curso inesperado com a chegada dos pais do missionário. Em um ato que desafiou a lógica da retaliação e da vingança, a mãe enlutada procurou o assassino na prisão. Suas palavras, plenas de uma dor imensa, culminaram em um gesto de perdão que se espalhou por todo o país. A notícia dessa incomum visita à prisão tocou profundamente a alma da nação, confrontando a descrença generalizada na persistência do amor e da clemência em um mundo marcado pela violência.
Qual de nós teria a mesma atitude dessa mãe?
Diante de tamanha tragédia, a reação humana mais natural seria, compreensivelmente, clamar por vingança, desejar uma punição severa que aprisionasse o culpado por toda a vida. A atitude daquela mãe, contudo, superava a simples reação emocional. Não se tratava de uma doutrina abstrata, mas sim da manifestação real da ação do Espírito divino no íntimo de pessoas que cultivam uma ligação próxima e constante com Jesus Cristo.
Essa vivência de união espiritual não se limita a um plano místico ou a um isolamento do mundo. Ao contrário, ela se manifesta no cotidiano. É possível manter-se envolvido em nossas atividades, participando ativamente da vida comunitária, cumprindo nossos deveres cívicos, vivendo como seres humanos comuns e, ao mesmo tempo, alimentar a profunda certeza de que nunca estamos sós. A presença constante de Jesus se revela como uma fonte inesgotável de inspiração, transmitindo a nós os sentimentos mais puros e nobres, mesmo em meio às dificuldades e desafios que inevitavelmente aparecem.
Convido a você, que o dia de hoje seja um chamado à união com Jesus. Que possamos permitir que a natureza de Cristo se revele em nossas vidas, recordando a verdade eterna de que "pela bênção que os justos promovem, a cidade prospera, mas pelas palavras dos ímpios é destruída". A oração é que a bondade e a paz de Jesus nos orientem na construção de pessoas mais justas, solidárias e edificadas.
