A cultura contemporânea brasileira é amplamente marcada pelas expressões artísticas que surgem nas periferias, como o funk, o rap e o passinho. Esses movimentos têm se destacado no cenário musical e da dança, mas, ao mesmo tempo, geram intensos debates sobre o conteúdo que promovem e seus impactos na sociedade. Longe de serem meros reflexos de criatividade e inovação cultural, essas expressões têm, em muitos casos, incentivado a banalização de temas como a promiscuidade, o sexo desmedido e o uso de drogas. Ao invés de contribuírem para o crescimento moral e ético da sociedade, acabam reforçando estereótipos negativos, especialmente em relação à imagem da mulher e ao papel dos jovens nas periferias.
No caso do funk, é comum que as letras e coreografias objetifiquem o corpo feminino e promovam comportamentos que podem ser vistos como degradantes. A exaltação da sexualização exacerbada e a normalização de práticas ilícitas como o uso de drogas são frequentes nessas músicas, contribuindo para a perpetuação de um ciclo de desvalorização dos princípios éticos e morais na juventude. Esse tipo de discurso, ao invés de estimular um olhar crítico ou de oferecer um caminho positivo para a superação dos desafios sociais, acaba normalizando a ideia de que essas realidades são aceitáveis e até desejáveis.
Da mesma forma, o rap, embora muitas vezes visto como uma manifestação de resistência e de denúncia social, também cai frequentemente em uma narrativa que glorifica a violência e o crime como formas de enfrentamento ao sistema. A abordagem constante de temas como tráfico, uso de drogas e desvalorização da vida pode levar à romantização de um estilo de vida que, na prática, só aprofunda as dificuldades enfrentadas pelas comunidades periféricas. Embora o rap tenha um potencial transformador, muitas vezes esse potencial é diluído por letras que, em vez de promoverem conscientização e mudança, reforçam comportamentos destrutivos.
Nesse contexto, a música e a dança que emergem das periferias brasileiras deveriam assumir um papel mais responsável e comprometido com a construção de valores positivos para a sociedade. As expressões culturais têm o poder de transformar e educar, e, por isso, deveriam se distanciar de conteúdos que promovem a degradação da mulher, o incentivo à promiscuidade e a apologia ao uso de substâncias ilícitas. A arte pode e deve ser um instrumento de elevação social, incentivando o respeito, a igualdade de gênero e a busca por soluções pacíficas e construtivas para os problemas enfrentados pelas comunidades marginalizadas.
É essencial que se repense o papel dessas manifestações culturais no Brasil contemporâneo. A cultura não deve ser apenas um reflexo das dificuldades sociais, mas um meio de inspirar mudanças positivas. Para isso, é necessário que as expressões artísticas se afastem de narrativas que promovam a degradação moral e passem a incentivar comportamentos que contribuam para o crescimento pessoal e coletivo, fortalecendo a coesão social e o respeito entre os indivíduos. Assim, a cultura das periferias poderá ser verdadeiramente uma força transformadora, promovendo não apenas a inclusão, mas também a elevação dos valores éticos e morais em todo o país.
